Após o início do ano novo chinês muitas pessoas escreveram-me pedindo previsões baseadas nos seus mapas astrais para este ano, e bem, o facto é que apenas com a data e hora do nascimento não é possível prever coisas específicas, como se você vai encontrar um trabalho melhor ou não nos meses seguintes, algumas tendências gerais podem ser vistas, mas pouco mais.
O problema vem de que o mapa astral é sempre o mesmo ao longo da vida de uma pessoa, não importa se você tem 4 ou 40 anos, ou se está vivendo na Califórnia ou em Angola.
Durante muito tempo a Astrologia Chinesa tem usado este tipo de aparelho para vislumbrar uma visão geral das tendências astrológicas que afectam a uma pessoa ou situação, o círculo é basicamente o céu que muda ao longo do tempo, e o quadrado é o nosso mapa natal que nunca muda:
Mas é apenas tendências subtis que ele mostra, depois de que esta informação é recolhida se trata de analisar os factos reais, e na maioria das vezes é nesses factos onde a raiz dos problemas reside, não na data e hora em que você nasceu.
Com um exemplo simples: se você tem um trabalho no qual está infeliz e quer encontrar outro melhor, comparando as características do seu mapa astral com as efemérides astronómicas para os próximos meses, é possível identificar tendências, e até momentos mais ou menos favoráveis para tentar que aconteçam coisas positivas, isso é o que os meus programas de previsões diarias e mensuais fazem.
Mas o que estes programas podem oferecer é, inevitavelmente, algo geral que deixa de fora detalhes importantes, continuando com o exemplo do novo trabalho:
- Se está a procurar-o corretamente ou não.
- Se talvez seria melhor procurar-o em outro sector de atividade.
- Se as suas circunstâncias pessoais são favoráveis ou não...
Não é o mesmo procurar um trabalho específico no Zimbábue ou em Zurique, e no entanto o seu mapa astral não muda nada em ambas situações, este só depende de sua data e hora de nascimento.
Na verdade a Astrologia Chinesa sempre postulou que o momento do nascimento determina apenas uma terça parte do nosso destino, os outros dois terços dependem do lugar onde você está e as escolhas que faz ao longo de toda a sua vida; no exemplo acima uma de essas escolhas poderia ser a compra de sua casa no Zurique ou no Zimbábue.
Em outras palavras, o estudo do mapa astral e as tendências astrológicas de curto prazo é como a previsão do vento, que diz de onde é que este vai vir e a sua força, mas além de saber isto, é precisso saber também onde é que o nosso barco está e para onde queremos ir, este desenho pode ajudar a entender o que estou a dizer:
Se o vento está contra nós estamos sem sorte, é claro que poderíamos tentar avançar alternativamente em ângulos de 45 graus, mas na prática isso é muito cansativo e propenso a causar problemas; por outro lado, se o vento vem de nossa popa é bom na teoria, mas na prática é fácil perder o controlo das velas ou encontrar problemas inesperados, como grandes ondas que impedem as velas funcionar correctamente... a melhor situação é quando o vento vem mais ou menos de um lado ;-)
Então, as nossas circunstâncias particulares seriam algo semelhante ao lugar onde está nosso barco, e nosso objetivo o lugar onde queremos chegar no barco, não é o mesmo querer ir para Cuba a partir de Miami do que desde Porto Alegre.
A astrologia é boa para entender a nós mesmos e ver se o Vento do Destino está connosco ou não, mas não é sensato tentar ler a nossa vida nele como se fosse um filme, é óbvio que tudo o que acontece no nosso futuro depende em grande parte das decisões que tomamos e o lugar onde estamos, o que, em maior ou menor grau, também pode ser uma decisão.
Então, para analisar os problemas específicos que se desenvolvem em um curto espaço de tempo, a minha experiência é que é mais prático e eficiente olhá-los através de uma série de leituras de tarôt, de modo a ser capaz de fazer todas as perguntas necessárias e, como um complemento também podem se olhar as tendências astrológicas para as seguintes semanas ou meses, mas querer ver na astrologia o futuro a curto prazo, como se fosse um filme, na minha opinião, isso não é possível.